terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Cenário para o crescimento do PIB em 2014 (PARTE I)

Vamos aos pitacos sobre 2014. Afinal, que tipo de conversa fiada não envolve futurologia?

O Leruaite acredita num crescimento do PIB entre 2,8-3%. O IBRE prevê 1,8%, o Itaú 1,9%, os analistas 2% (média do boletim focus) e o Banco central 2,3%. Otimismo? Talvez! A ideia é um crescimento perto do potencial (depois eu explico). Em primeiro lugar, várias ressalvas – os fatores de risco que pesam sobre esse crescimento perto do potencial. Os menos otimistas trabalham com a “hipótese da ignorância” – a execução de uma política econômica míope por parte do governo, caracterizada por intervencionismo estatal exagerado na economia e estímulos excessivos à demanda agregada. De um lado, a conhecida “contabilidade criativa” afeta a credibilidade da política fiscal, que estaria muito frouxa desde a crise econômica de 2008/09 e não seria suficiente para colocar a dívida pública em uma trajetória sustentável (com a possibilidade do rebaixamento do rating brasileiro pelas agências de classificação de risco). Pelas bandas do Banco Central, o problema foi a demora de sua resposta (via aumento da taxa de juros) para a nítida aceleração do nível de preços no ano passado. Essa resposta lenta seria fruto de uma acomodação por parte da autoridade monetária com a inflação acima da meta de 4,5%. Para alguns, o presidente do Banco Central teria sido capturado e forçado a baixar a taxa de juros por simples vontade da presidenta. Outros detalhes entram nessa lista, como a política de represamento dos preços administrados (tarifas de ônibus, gasolina, etc.) por parte do governo para disfarçar a inflação e o excesso de crédito subsidiado ofertado pelos bancos públicos (BNDES principalmente), que tem uma relação custo/benefício bastante duvidosa – aumenta a dívida pública/gastos com juros e não afeta de forma incisiva o investimento/seleciona projetos altamente questionáveis. Essa tal política econômica míope aumenta a incerteza, mina a confiança do setor privado (inibe os espíritos animais) e afasta o investimento necessário para um crescimento sustentável. Para a presidenta, isso não passa de uma guerra psicológica (aqui).

O Leruaite reconhece a miopia do governo, mas prefere se arriscar tomando outro caminho. O objetivo é tentar mostrar que o investimento, apesar de tudo, deve crescer em 2014. E que esse crescimento seria um processo natural após o ajuste de estoques no biênio 2011/12. Contamos ainda com uma melhora sensível da demanda externa e com um câmbio desvalorizado, que favorece as exportações, além da continuidade dos programas de concessão de infraestrutura e de exploração do pré-sal. Volto logo. 

2 comentários:

  1. Não sei se tu vai abordar os assuntos do último paragrafo no próximo post, mas acho que seria interessante abordá-los mais detalhadamente.

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  2. Sim, tem parte II (logo mais) e bem detalhada!!

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