Vamos aos pitacos sobre 2014. Afinal, que tipo de conversa
fiada não envolve futurologia?
O Leruaite acredita num
crescimento do PIB entre 2,8-3%. O IBRE prevê 1,8%, o Itaú 1,9%, os analistas 2%
(média do boletim focus) e o Banco central 2,3%. Otimismo? Talvez! A ideia é um
crescimento perto do potencial (depois
eu explico). Em primeiro lugar, várias
ressalvas – os fatores de risco que pesam sobre esse crescimento perto do
potencial. Os menos otimistas trabalham
com a “hipótese da ignorância” –
a execução de uma política econômica míope por parte do governo, caracterizada
por intervencionismo estatal exagerado na economia e estímulos excessivos à
demanda agregada. De um lado, a conhecida “contabilidade criativa” afeta a
credibilidade da política fiscal, que estaria muito frouxa desde a crise econômica de 2008/09 e não seria suficiente para colocar a dívida pública em
uma trajetória sustentável (com a possibilidade do rebaixamento do rating brasileiro pelas agências de
classificação de risco). Pelas bandas do Banco Central, o problema foi a demora
de sua resposta (via aumento da taxa de juros) para a nítida aceleração do
nível de preços no ano passado. Essa resposta lenta seria fruto de
uma acomodação por parte da autoridade monetária com a inflação acima da meta
de 4,5%. Para alguns, o presidente do
Banco Central teria sido capturado e forçado a baixar a taxa de juros por
simples vontade da presidenta. Outros detalhes entram nessa lista, como a política
de represamento dos preços administrados (tarifas de ônibus, gasolina, etc.) por
parte do governo para disfarçar a inflação e o excesso de crédito subsidiado ofertado
pelos bancos públicos (BNDES principalmente), que tem uma relação
custo/benefício bastante duvidosa – aumenta a dívida pública/gastos com juros e
não afeta de forma incisiva o investimento/seleciona projetos altamente questionáveis.
Essa tal política econômica míope aumenta a incerteza, mina a confiança do
setor privado (inibe os espíritos animais) e afasta o investimento necessário
para um crescimento sustentável. Para a presidenta, isso não passa de uma
guerra psicológica (aqui).
O Leruaite reconhece a miopia do governo, mas
prefere se arriscar tomando outro caminho. O objetivo é tentar mostrar que o investimento, apesar de
tudo, deve crescer em 2014. E que esse crescimento seria um processo natural após o ajuste de estoques no biênio
2011/12. Contamos ainda com uma melhora sensível da demanda externa e com um
câmbio desvalorizado, que favorece as exportações, além da continuidade dos
programas de concessão de infraestrutura e de exploração do pré-sal. Volto
logo.
Não sei se tu vai abordar os assuntos do último paragrafo no próximo post, mas acho que seria interessante abordá-los mais detalhadamente.
ResponderExcluirSim, tem parte II (logo mais) e bem detalhada!!
ResponderExcluir